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Linha do Tempo

Pesquisa

Em 2010, nasceu a ideia de uma vídeo-instalação chamada Coluna.

Na época, eu era fascinada por radiografias — e com o fato de existir um aparato capaz de revelar o interior do corpo. E tinha como referência da história da fotografia, de que o vidro foi um dos primeiros suportes de fixação da imagem. A partir disso iniciei uma pesquisa sobre processos fotográficos antigos, com o desejo de revelar minhas radiografias diretamente no vidro.

Em parceria com a escultora Natalia Gerschcovich, desenvolvi uma adaptação da técnica da goma bicromatada, à qual adicionamos pigmentos resistentes a altas temperaturas. Essa mistura permitiu a fusão das imagens no vidro. A técnica foi concluída em 2016. Desde 2017, passei a investigar o próprio vidro como matéria.

Com o tempo, a pesquisa se desdobrou em novos temas. Intuitivamente, em 2010, na vídeo-instalação Coluna, projetei sobre o vidro imagens de cavernas e pinturas rupestres que havia registrado em uma viagem de retorno ao território da minha família. Para meu espanto, foi um encontro com um tempo muito mais antigo — um reencontro com rastros dos primeiros habitantes da Serra da Capivara, no Piauí. Percebi ali um elo: a pedra como suporte da imagem; o vidro como pedra transparente; a imagem como vestígio.

Quando fundi minha primeira imagem, me dei conta de que o que eu estava fazendo eram imagens fósseis. E essa busca, esse gesto repetido, era um desejo inconsciente de me tornar pedra. Comecei então a me fotografar. Não como autorretratos convencionais, mas como registros de estados internos. Estados transitórios.

Hoje, não me parece acaso estar fundindo a imagem dos meus ossos em vidro — uma pedra translúcida, capaz de revelar o que está dentro.

Não revelo sempre. Geralmente, uma vez por ano, revisito minha base de negativos, escolho alguns, e os resultados dependem das condições físicas do dia, do local, do tempo. As peças me dizem como devem ser nomeadas. Cada uma carrega a marca do processo, do acaso e da observação.

Embora as matrizes fotográficas se repitam, cada peça é única. Algumas são reveladas com pigmentos que não permitem a fusão, finalizadas com técnicas a frio. Outras concebo como fotografias fundidas — fotoesculturas — pois apresentam volumetria, relevo. Há também as que se configuram como instalações. Tenho desenvolvido esculturas em vidro fundido, algumas com imagens incrustadas, outras incorporando materiais que se amalgamam ao vidro.

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